78º Edição Anual dos Jogos Vorazes
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78º Edição Anual dos Jogos Vorazes
 
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 Distrito 10

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Dante Archer
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Amethyst Portshore
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Amethyst Portshore
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MensagemAssunto: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeTer Mar 14, 2017 1:31 pm



DISTRITO 10

Distrito 10 Western

"a principal indústria do Distrito 10 é o gado, tal fornecendo carne bovina para o Capitólio."


Antecipando os dias da Colheita, o ambiente no Distrito 10 estava bastante tenso. Haviam menos gente na rua, as pessoas falavam menos e pareciam nervosas. Porém, o trabalho continuava.

ATENÇÃO: Utilize este tópico para interagir dentro do seu Distrito (sozinho ou com o seu companheiro de Distrito). Pode falar de tudo, desde do que está fazendo até ao que está sentindo. Aproveite para desenvolver a história do seu personagem. A postagem não é obrigatória, mas apenas a faça se tiver a certeza que não mudará o distrito e ocupação do seu personagem depois. E lembre-se: O seu personagem ainda não foi escolhido na Colheita.

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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeQui Mar 16, 2017 9:11 pm



AZAIAH ARCHER

Eu não acredito. Eu não acredito! Não é que aquele idiota venceu mesmo!? Ele vai voltar! - Crianças, ele vai voltar!

Samuel e Anthony entram de rompante na casa, pela porta que ligava a mesma à vacaria, no mesmo momento em que a cena no televisor muda da luta grotesca de Dante com o garoto do Distrito Doze para a imagem dos dois comentadores excêntricos da Capital. Acabaram de sujar o chão todo com bosta de boi, mas nem consigo me ralar com isso de momento.

- Ele vai voltar! Dante vai voltar! - Repito, sentindo minha voz se exaltar demasiado. Afago o cabelo de Samuel e pegando em Anthony ao colo, rodopio sobre mim mesmo fazendo-o rir. - Dá para acreditar nisso, Wendy!?

 Com um risinho meigo que ela esconde com a mão, minha irmã também se levanta do sofá, deixando o chapéu de lado para se juntar a mim e a nossos primos com a celebração.

Com a decisão completamente idiota, sem cabeça, mal pensada e nada planejada de Dante em se ter voluntariado para a que viria a ser a primeira edição dos Jogos Vorazes desde que a Capital voltara a assumir o poder, depois de a terem desafiado com os Jogos do ano passado em que apenas filhos de pessoas importantes de lá participaram, eu vi-me obrigado a deixar meus pais sozinhos com as abelhas lá no sul enquanto que eu e Wendy já sendo ambos maior de idade, ficariamos tomando conta dos nossos primos que Dante deixara para trás num ato de pura irresponsabilidade. Agora que sei que ele vai voltar, não o pouparei de ouvir das boas, que ele não ache que só por ter conseguido voltar que eu fingirei que isto nunca aconteceu. Ter que lidar com Cain tem sido impossível, apesar de que surpreendentemente, ele agora mal passava tempo fechado no seu quarto, pois só tirava os olhos do televisor que emitia os Jogos para ir trabalhar. Desde que Dante partira para a Capital que ele tem observado cada passo do irmão.

Chamo-o para vir celebrar connosco, mas é nesse mesmo momento que Cain se levanta de frente do televisor e segue disparado escadas acima sem dizer uma única palavra, até conseguirmos ouvir a porta do seu quarto se fechando. Samuel olha para mim, confuso, ao que me faz obrigar a encolher os ombros e forçar uma careta para o fazer rir. O pequeno tem dormido pessimamente esses últimos dias, era tão satisfatório voltar a vê-lo com um sorriso na cara.

Apesar de toda a emoção, felicidade e alívio que sinto no momento, não sei como vou conseguir encarar Dante quando o voltar a ver, depois da ousadia dele para cometer uma loucura dessas. Mas agora não era a altura para pensar nisso, quando for eu acredito que já saberei como agir. Agora, era altura de celebrar.

- Pois é, pequenos… vosso irmão está a caminho.


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Dominique Brown

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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeQua maio 03, 2017 5:49 pm


Dominique Brown


Minha cabeça estava mais leve, mas ainda coçava como antes. Finquei as unhas no couro cabeludo e arranhei como se fosse capaz de retirar um pedaço, quando Lucinda me deu uma pancada forte na mão com uma colher de pau, acertando também a minha cabeça.

- DOEU, SUA VADIA VELHA! - Gritei, correndo pra longe em seguida para evitar as porradas que levaria se continuasse por lá. Só consegui ouvir seus gritos enquanto saía correndo pra rua.

Mirian e suas amigas pararam de conversar assim que me viram, seus olhares de espanto deram lugar à gargalhadas que pareciam não ter mais fim.

- Meu Deus! Você está careca, Dominique - riu Mirian. - Já era feia antes, agora está muito pior.

- Ao menos agora não tem mais piolhos - emendou Suzan.

Minha cabeça começou a fever enquanto eu olhava aquelas garotas rindo de mim.

- Dominique Piolhenta agora é Dominique Carequinha, HAHAHAHAHAHAHA - gargalhou Louise, segurando seu coelhinho branco, pelo qual todas eram apaixonadas.

Todas as garotas ficavam ao redor de Louise o tempo todo, menos eu. Eu não precisava da Louise, eu tinha um amigo, só um, mas eu tinha, e era melhor que todas elas juntas. Minha cabeça parecia ferver enquanto todas elas me encaravam e faziam piada de mim. Senti um líquido quente descendo sob meu nariz, limpei o sangue e sem dizer uma palavra me dirigi para os fundos e encontrar Julian, eu esperava que ele não risse de mim.

Julian estava na beirada do poço com duas maçãs nas mãos, quando me viu, parou, analisou e logo depois me jogou uma das maçãs que estava na mão.

- Cabelo interessante - comentou, sem sequer rir.

- A culpa é sua - eu disse, mordendo a maçã e sentando ao seu lado. - Se não tivesse me passado piolhos estaria com meu cabelo grande ainda - respondi, fungando e limpando uma lágrima que não deveria ter caído.

Julian fingiu não notar.

- Do que adiantaria? Você nem lavava e nem penteava o cabelo. Veja o lado bom, agora vai poder sair comigo sempre sem precisar se arrumar toda.

- Não me arrumo pra ver você, Nojinho.

Julian era um ano mais velho que eu, e vivia na rua. Seu irmão era quem cuidava dele, mas acabou morrendo nos Jogos Vorazes. Todos os dias, Julian vinha até a Casa de Cuidado para me fazer companhia, eu sempre lhe dou comida e depois brincamos até Lucinda sair com a cinta para me buscar, já tarde da noite. Minha mãe, de acordo com a vadia da Louise, era uma prostituta que não me queria, e por isso me abandonou. Não sei se é verdade, mas não vejo realmente motivos pelos quais alguém possa me querer, não a culpo por isso.

- Você tá bonita assim - disse Julian, sem me olhar.

Passei a mão nos cabelos, esquecendo que não os tenho mais.

- Mentiroso! - Rosnei, torcendo para que ele me contrariasse.

Ele continuou mordendo a maçã desinteressado do mundo ao seu redor. Seguindo seu exemplo, relaxei ao seu lado e comi minha maçã também, pensando no que eu poderia fazer para acabar com a alegria de Louise antes do amanhecer.


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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeQui maio 04, 2017 5:34 pm


Dominique Brown


Já era tarde, Julian havia ido embora. Eu estava sentada na beirada do poço, fazendo nada importante quando o coelhinho de Louise veio até mim. Peguei ele no colo e comecei a alisar seu pelo perfeitamente branco. Lucinda dizia que eu possuía um dom especial com os animais, já que eles sempre acham um jeito de ficar ao meu redor.

Miriam passou, e quando me viu com o coelho de Louise, pôs sua melhor cara de espanto e saiu correndo. Todas as garotas da Casa de Cuidado tinham medo de mim, menos Louise, ela era metida a besta demais para demonstrar que também se cagava de medo de mim como todas as outras.

- Larga meu coelho, sua careca maldita - ouvi Louise chiar, saindo às pressas da portas do fundo.

- Ele veio até mim, gosta mais de mim que de você.

Consegui fazer Louise virar um tomate de tão vermelha.

- Você é uma nojenta! Não toma banho e vai acabar deixando meu coelho sujo.

Como uma deixa divina, senti o peso familiar no centro da minha testa e logo o líquido quente e grosso escorria pelo meu nariz. Louise vacilou, já tinha ouvido as histórias absurdas que contam da Dominique Doida que sangra sempre que está puta. Passei os dedos lentamente pelo nariz e acariciei o coelho com meus dedos cheios de sangue, rindo e olhando para Louise. O líquido vermelho manchava lindamente o pelo branco do coelho.

Louise estava quase chorando de nojo, quando Miriam saiu receosa e entrou em desespero quando notou o coelho sujo de sangue.

- LUCINDAAAAA! ELA FEZ DE NOVO - gritou, em um ato de desespero tão deprimente que me fez rir mais. - DOMINIQUE FEZ DE NOVO! FEZ COM O FLOQUINHOOOOAAAAAAHHHH - berrou, emendando a frase num choro descontrolado.

Lucinda saiu com a colher de pau na mão e seus olhos se injetaram diretamente no coelho. Soltei floquinho e tentei correr, Miriam se acalmou visivelmente quando notou que o coelho estava bem, pegou o bicho e saiu de perto de Louise que nem queria encostar nele. Tentei fugir, mas Lucinda era uma velha rápida, e ela não tinha notado que o coelho estava bem. Acertou a colher de pau bem no meio das minhas costas e saiu me puxando pela orelha, enquanto continuava me batendo com a colher de pau. Nada de novo na minha rotina. Enquanto isso o sangue escorria e se espalhava pela minha boca e queixo. Essa seria uma noite daquelas.


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Dante Archer

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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeSex maio 05, 2017 8:36 am



DANTE ARCHER
Chegada ao Distrito 10


É impressionante como sou capaz de me sentir muito mais nervoso e angustiado a regressar da Capital para o meu Distrito enquanto Vitorioso, que quando estava fazendo o caminho inverso enquanto Tributo. Passaram apenas alguns dias e me sinto uma pessoa totalmente diferente, tanto que se torna até um pouco ridículo. O rapaz orgulhoso, confiante das suas habilidades e sedento por vingança regressa agora a casa com um título de vitória, apesar de se sentir mais que derrotado. Volta destruído, incompleto, e com um receio tremendo da reação da sua família aquando a sua chegada.

Pensei que esta vitória me fosse trazer o que a Capital me tirou. Não pude fazer nada por Zachary e ingénuo como fui e sou, achei que de certa forma trazer eu mesmo o título de Vitorioso para casa fosse mudar esse sentimento que me acompanha desde então de alguma forma. Era esse o meu propósito, achava eu. Mas o que a Capital me tirou foi Zachary e só Zachary, e não há forma alguma de reverter isso. Eu treinei, fui e ganhei, matei uns e outros para chegar aqui. Não muito diferente do que Romeo Citrine fez para chegar onde está agora, apesar que por motivos diferentes - o processo foi o mesmo. Eu ganhei e Zachary continua morto, Romeo continua vivo e lá estava ele sentado, assistindo minha entrevista da Vitória como se nada se tivesse passado. Pergunto-me se ele viu Zachary em mim, se ele sequer se lembrou dele. Se sentiu algo ao se recordar da morte que lhe provocou. Pergunto-me em relação a ele e em relação a mim. O que vou eu sentir ao ver os familiares de quem matei na turnê da Vitória?

Enterro minha cara nas mãos e respiro fundo, abanando a cabeça de um lado para o outro. A viagem desde a Capital até ao Dez não era tão longa assim, em breve eu chegaria a casa e voltaria a ver os meus irmãos. Todo o tempo que tive na Capital, eles tiveram no meu pensamento. Aguentaram-se bem sozinhos? Cain cumprira suas tarefas na fazenda? Azaiah e Wendy ficaram tomando conta deles? Mas nunca me perguntei, o que acham eles de mim agora? O que vão os pequenos Samuel e Anthony sentir ao viverem debaixo do mesmo tecto de alguém que durante tanto tempo admiraram, mas que agora viram matando pessoas em direto? E Cain - nossa relação já não era das melhores, agora como vai ser? Já para não pensar em Azaiah, que se realmente ficou por lá teve que deixar todo o trabalho com os pais à última da hora por causa da decisão irresponsável do primo.

Tentando me focar em outra coisa, levanto o olhar para a jaula no fundo do vagão que carregava a gorila. O bicho era enorme. Não sei onde raio vou arranjar uma instalação disponível para ela lá na fazenda, mas esse não é o meu maior problema de momento e como tal, nem consigo lhe dar tanta importância. Ainda nem pensei em que nome lhe vou dar. Será que Ellie gostaria de partilhar seu nome com um gorila? Esboço um pequeno sorriso imaginando o quanto a garota reclamaria do assunto, até aquela sensação estranha que vem quando te lembras que alguém já não está cá me atingir e me lembrar que algures no público que me receberá no Dez, estará não só a minha família mas a de Ellie também.

Levanto-me bruscamente e vou buscar um copo de água, antes de me dirigir ao meu quarto. Nada que eu faça ou pense vai mudar o que me aguarda no Dez, pelo que mais vale tentar descansar um bocado nos poucos minutos que me restam até à chegada.

*

Nem o cheiro caraterístico do meu Distrito me acalma. A caminhada desde o comboio ao carro que nos levará até à Praça Principal é curta, mas minha ansiedade subiu logo com o primeiro pé que coloquei no chão do Distrito. Uma parte de mim esperava ver minha família aguardando minha chegada na estação, e não posso deixar de me sentir aliviado por ver que os Pacificadores haviam fechado o lugar para a minha chegada, dando lugar na estação a centenas de câmaras que mostrariam para a Capital o meu retorno a casa. O que me faz sentir horrível, porque eu estou morrendo de saudades dos meus irmãos e fui capaz de sentir algum alívio por ter mais alguns minutos para me preparar para os ver. Só me mostra o quão idiota fui.

 Enfio-me dentro do carro e passo o resto da viagem de olhos focados no chão, tentando contraditar minha vontade de olhar para a paisagem de casa. A hipótese de cruzar meu olhar com alguém lá fora é o suficiente para isso. Sei que grande parte do Distrito me receberá de braços abertos - afinal, todos terão refeições quentes por um tempo graças à minha vitória - mas eu não consigo deixar de me sentir um grande idiota, envergonhado pela minha decisão infantil que não me trouxe absolutamente nada do que eu procurava. Nada disto trouxe Zachary de volta e quem sabe não me fez perder meus irmãos que ainda cá estão.

Entro pelas traseiras do Edifício da Justiça, onde cumprimento o Prefeito ainda lá dentro com um aperto de mão. Desajeito-me um bocado ao cumprimentá-lo com a minha mão direita, não só por ser canhoto mas por não estar ainda muito habituado à peça metálica que me instalaram no ombro direito para ajudar com os movimentos do meu braço ferido nos Jogos. Em vez de me colocarem uma prótese normal, a Capital decidiu fazer uma espécie de ombreira semelhante às de uma armadura, que apesar de ser extremamente leve ao contrário do que parece, não é tão prático como a opção mais simples. O senhor segue em minha frente para dar a abertura das portas principais, por onde já se começava a ouvir a barulheira lá fora. Bem, estava na hora.

Respiro fundo e cerro minha expressão, seguindo em passos firmes atrás do Prefeito. Deixo a brisa que as portas se abrindo provocam atingir minha face, sabendo que em poucos segundos o calor imenso do verão no Distrito Dez invadiria o meu corpo. Os raios de sol atingem os meus olhos obrigando-me a puxar o chapéu me oferecido pelos Distritos Dez e Doze durante os jogos mais para a frente, à medida que avançava no palco, perante toda a multidão que aplaudia a minha chegada. Primeiro, apenas foco meu campo de visão no Prefeito, que anunciava minha chegada e Vitória com o maior entusiasmo. Mantenho minha expressão firme, com um sorriso no canto do lábio, mas morrendo de medo de olhar para a frente e encarar minha família, até ganhar coragem de me obrigar a fazê-lo.

Levanto o braço esquerdo em sinal de vitória para o público, que me respondia com gritos e aplausos, mas meu olhar procurava nervoso por aqueles que acho me estarem julgando - até os encontrar mais perto do palco que o esperado. Não consigo deixar de esboçar um sorriso fraco para eles, apesar de não ter nem coragem de me fixar muito nas suas expressões para tentar decifrá-las. Samuel, Anthony, Azaiah, Wendy e meus tios estavam lá, junto com outros membros da família. Surpreendentemente, encontro Angus e Fargus perto deles também, que só sei serem eles por estarem ao lado de Azaiah e por serem idênticos um ao outro, pois não me recordo da última vez que os vi. Mais surpreendente que isso é Cain estar ali também, o que por segundos me dá a falsa sensação de que podia estar tudo bem. Mas minha visão tremelica tanto que num segundo estou olhando para eles, no outro estou focando num ponto aleatório do público sem sequer me aperceber disso no momento. Levo a mão ao pescoço para segurar o lenço vermelho de Zachary, quase enterrando minhas unhas na carne por detrás do mesmo.

Graças a Deus, o Prefeito não me dá a oportunidade de dizer uma única palavra para o público, provavelmente tendo ordens para deixar os discursos apenas para a Turnê. Eu não saberia o que lhes dizer. Não ao público no geral, não à família de Ellie, muito menos à minha. Tentar explicar para eles minhas razões para ter feito o que fiz quando essas mesmas razões já fazem pouco sentido para mim só faria de mim um idiota ainda maior, à frente de todo o Distrito. Mas sei que essa conversa inevitavelmente chegará assim que eu descer desse palco.


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Azaiah Archer

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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeQui maio 18, 2017 9:32 am


AZAIAH ARCHER

Apesar de todo o misto de emoções que sinto no momento, não deixo de bater palmas à chegada do meu primo. Ainda não acreditava que aquele idiota estava ali, em cima do palco, enquanto Vitorioso da mais recente edição dos Jogos Vorazes. Numa situação normal, em que ele tivesse sido ceifado para a celebração como qualquer alminha do Distrito Dez é, eu provavelmente me estaria sentindo apenas feliz e aliviado por vê-lo ali em cima vivinho da silva, mas normal não parece ser uma palavra muito associada a Dante Archer - e neste caso não foi diferente. O idiota tinha se voluntariado, tornando-se num dos poucos voluntários do Distrito Dez na história e o primeiro que realmente havia conseguido regressar a casa depois de tal ato de estupidez. E é por isso que para além de me sentir feliz e aliviado, também sinto uma raiva imensa por esse garoto que não deixarei passar tão facilmente.

- Deixem os abraços e celebrações para depois garotos, primeiro preciso fazer uma coisa. - Tomo a dianteira e sigo de punhos cerrados até Dante, que estava especado na saída da casa da Justiça como se tivesse medo algum de dar um passo em nossa direção, e enfio-lhe um murro certeiro no olho, sem poupar forças - Desculpa, mas já que estavas assim tão preparado para os Jogos Vorazes com certeza que essa amostra de murro nem foi nada para ti.  

Apesar de se retrair, Dante esboça um sorriso tímido e desajeitado, ao que eu respondo com um encolher de ombros antes de abrir meus braços para ele. - Sabes que és um grandessíssimo idiota, certo? Vá, vem cá.

- É, eu realmente mereci essa. - Ele entoa, antes de retribuir o abraço com alguma hesitação. Depois afasto-me ligeiramente do garoto, dando lugar a Samuel e Anthony que duvido que vão desgrudar dele tão cedo.

Merecias essa e muitas mais, seu canalha. Que merda te passou pela cabeça, garoto!? Já imaginaste o que nós passámos por tua culpa? - Pergunto, agora num tom mais sério - Estás tão fodido comigo. Vais ter que arranjar alguma forma de me compensar, porque olha… foi muita merda de boi limpa. E nem estou a contar com a tua.

Acabo por cair no riso, mas Dante sabia bem que eu estava a falar a sério. Nós não sabíamos se ele ia voltar. Na verdade, as chances eram mínimas. Não nos podíamos dar ao luxo de parar o trabalho, e sem Wendy e eu os ajudando, os meus pais quase se mataram trabalhando para fornecer a quantidade exata de mel que a Capital demanda. Já para não falar que eu e ela tivemos que assumir o lugar de Dante na fazenda, quando não temos experiência alguma com gado… e Cain não foi a pessoa mais cooperante em nos ajudar, apesar de surpreendemente se mostrar preocupado com o desempenho da fazenda, o que já foi melhor que a ajuda inicial com que estávamos a contar, que era nada.


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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeQui maio 18, 2017 9:34 am



DANTE ARCHER

- Foi tudo por causa de Zachary, não é? - Azaiah pergunta, baixinho, depois de eu ter hesitado por demasiado tempo antes de responder à pergunta anterior. Eu apenas assinto com a cabeça, com a pouca energia que me resta - É que nem me digas mais nada. Depois conversamos sozinhos.

Mesmo antes de me ter voluntariado, eu pouco ou nada ligava ao que Azaiah me dizia. Suas palavras me entravam por uma orelha e saiam pela outra. Mas neste momento eu me sinto tão mal que o que ele me diz, apesar de pouco, me deixa ainda pior, e sei que ele só não me deu o maior sermão da minha vida agora porque estavam aqui Samuel e Anthony.

Assim que ele se afasta, Wendy e meus tios vêm me cumprimentar. Tento levantar o olhar por entre a multidão que ainda entoava meu nome atrás da minha família, mas não encontro Cain em lado nenhum. Nada diferente do que eu fosse esperar, já me surpreendera tê-lo visto desde o palco.

Minha tia vinha de expressão visivelmente chateada, quase dando uma bofetada no meu tio quando ele diz estar orgulhoso de mim. Ao contrário de Azaiah, ela não tem problemas com a presença dos meus irmãos para me dizer umas boas verdades na cara. Mas ela não fala de que como temeu pela minha vida, de como tinha preocupado ela e os meus irmãos e primos, de não saber o que eu estava tentando provar - mas sim dos prejuízos que isso havia trazido para o nosso negócio de família. E com toda a razão. Não era nada que me estivesse doendo escutar, porque tudo o que ela me estava a dizer já eu tinha dito a mim próprio. A verdade é que eu estava tão focado na minha vingança que nem me passou pela cabeça na altura o que haveria de acontecer à fazenda Archer. Como, e se, os meus irmãos saberiam tomar conta do assunto. Acho que na altura estava tão confiante de que regressaria que nem me passou pela cabeça o que aconteceria ao negócio caso eu não tivesse conseguido…

- Mas agora que vamos ter uma nova casa não precisamos continuar a trabalhar, certo? - Pergunta Samuel, na sua inocência dos doze anos, ainda agarrado ao tecido das minhas roupas. Por segundos fico apenas encarando-o, sem coragem de lhe dizer na cara o que já tinha dito a todo o país durante a minha entrevista.

 Apesar de já não ser surpresa para ninguém para além de Anthony e Samuel que provavelmente não prestaram grande atenção na minha entrevista, se é que a viram sequer, não dúvido que alguns dos que me vieram aqui receber estejam à espera que aquilo tivesse sido apenas conversa da altura para parecer bem à frente da Capital e que de agora em diante, todos poderíamos viver uma vida confortável sem nos preocuparmos com trabalho. Aliás, não vejo outro motivo que não esse para a súbita aparição de Angus e Fargus, que aos anos se haviam afastado da família. Tirando esses dois, o mínimo que eu poderia fazer depois do que os fiz passar é isso mesmo - oferecer-lhes uma vida confortável daqui em diante. Não é que não o vá fazer, a partir de agora nenhum de nós terá que colocar comida de lado para alimentar o gado de certeza - mas eu não posso simplesmente abandonar nossa fazenda. Foi onde crescemos, onde a nossa família tem vivido há gerações, um negócio provavelmente tão antigo quanto o próprio Distrito. É lá onde tenho as memórias dos meus pais. De Zachary. De tudo por que passámos. E para além disso, eu não consigo me imaginar o resto da vida sem fazer absolutamente nada. Tudo o que eu fiz nos Jogos viverá comigo para sempre, todos os anos serei convocado para regressar à Capital e eu não posso deixar que a minha vida seja apenas isso. Provavelmente daria comigo em doido. Com o dinheiro que receberei mensalmente, poderei melhorar as infraestruturas da fazenda e com sorte, comprar um terreno vizinho para a expandir de forma a trazer a exploração apícola dos meus tios cá para cima, para que possamos ficar todos na Aldeia dos Vitoriosos.

- Não vai ser bem assim, não. - Engulo em seco discretamente, tentando me recompor ainda de tudo isto e tentar transparecer alguma confiança para os meus irmãos, falando alto o suficiente para todos da família ouvirem - A Fazenda Archer vai continuar funcionando e todos nós manteremos nossos postos. Podemos viver na casa nova, já que a fazenda é relativamente perto a cavalo, e talvez não teremos que trabalhar tão arduamente e a toda a hora como antes… mas continuará a haver trabalho. A Capital ainda espera os nossos produtos e afinal… é o nosso negócio de família. É o que nos resta de todos os que já partiram.


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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeSáb Jun 03, 2017 1:51 pm




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“SENHORAS E SENHORES, CONHEÇAM O MAIS NOVO VITORIOSO DA SEPTUAGÉSIMA EDIÇÃO DOS JOGOS VORAZES!!! – Grita Roggo para o público e gritarias tomam conta do Coliseu.

PARABÉNS.. DANTE ARCHER!


Fico atónito ao ouvir essas palavras. Sentado em frente ao telão com os braços sobre os joelhos, com toda minha família assistindo quase sem respirar. Mas ao serem anunciadas essas palavras finais que acabam ser abafadas pelos gritos da multidão presente.

-Ele ganhou. - Ouço meu irmão Aaron suspirar de alívio, mas eu ainda não conseguia ter reação. - Ele ganhou gente! Archer cabeludo ganhou! - Ele vem até mim e me dá uns tapas fortes nas costas como que para me acordar. - Acabou, Frankie. Seu amigo conseguiu.

Minha mãe sai da sala para apanhar ar, seguida de meu pai, ficando eu sozinho com meus irmãos no sofá. No telão agora estão apenas os apresentadores fazendo os recaps mais importantes da arena, mostrando mais mortes que podiam ter sido evitadas se aquela guerra idiota tivesse servido para alguma coisa.

-Sinistro, vai voltar para casa. Eu tenho que sair. - Digo sem me explicar, saindo porta fora indo ao estábulo buscar meu cavalo.

Me dirijo o mais rápido que posso ao rancho onde passei parte da minha infância. Fico na entrada da propriedade apenas encarando um bom tempo. Foco o olhar o máximo que consigo para tentar avistar qualquer um dos irmãos, mas eles devem estar ocupados a lidar com a emoção. Eu havia prometido a Dante que olharia por eles, mas não tinha muito que eu pudesse fazer. Os pequenos sempre pareciam nervosos quando eu visitava, e Cain...Cain é o Cain, ele não se abria comigo, chegava mesmo a ser um pouco hóstil. Minhas visitas começaram a ser cada vez mais escassas e a restringir-se cada vez mais a literalmente visitas de médico.

Eu ainda tinha que pensar como encarar Dante quando ele chegasse. A gente tinha muito que falar. Mas nada parecia importar no momento. Olho uma última vez para a herdade antes de decidir ir embora. Volto a montar no meu cavalo, seguindo agora com mais calma tentar voltar a me acalmar.

Quando vejo o desvio para entrar no centro da cidade mais próxima escolha lá entrar a todo o gás, dessa vez não contendo a euforia.

-O SINISTRO ESTÁ DE VOLTA! HEYYYAA!




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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeSáb Jun 03, 2017 2:24 pm




FRANKLIN HADDOCK




[b]-Posso saber o que estás aqui a fazer? - Ouço meu irmão Theodore reclamar atrás de mim. Interrompendo meu trabalho de ordenha.

-Ted? O que você está aqui a fazer? Foi posto na rua por sua namorada de novo? - respondo num tom descontraído que contrasta com o tom seco com que ele sempre fala.

-Não. Como muita gente das terras em volta vim à festa do novo vitorioso. A verdadeira pergunta é porque é que tu não estás lá e porque é que vai o Aaron lá fazer uma visita depois de almoço.

-Ele não passava a visitar os miúdos à muito então ofereceu-se. - respondo agora mais seco.

-Ah, pois. Porque o Aaron sempre foi tão próximo dos miúdos Archer, ele é que andava com eles de um lado para o outro mesmo depois..

-Tá! Tá! Eu não consigo ir lá agora, tá bom?! - Interrompo. - Você nem estava cá quando as coisas se passaram, não se arma agora em irmãozinho mais velho e sábio.

- Mas eu sou seu irmãozinho mais velho e sábio. Seu irmãozinho mais velho e sábio que sempre fugia dos problemas como você estava fazendo. E deu para ver o bem que isso resultou. Posso não ter cá estado por muito da sua infância, mas o pouco que estive sei que você passou mais tempo com aquelas crianças que comigo que sou seu irmão. - Ele falava agora com alguma seriedade, realmente parecendo preocupado.

-Já vou tarde. Eu devia ter lá ido no dia que ele venceu, mas não consegui entrar. Ou no dia que ele passou por cá, mas ai nem saí de casa. Ele é meu melhor amigo e eu não fui ver ele depois do inferno que ele passou. Ou aos pequenos para lhes dar apoio.

-Como mamãe fala, mais vale tarde que nunca. Eles ficarão tão felizes que você lá vá que não vão sequer pensar nisso.

-Você claramente não conhece o Cain. - Respondo suspirando, me virando de novo para trabalhar.

-É, mas conheço o Aaron e sei como ele sabe ser chato. - Ele responde desta vez sem ser seco ou sério, mas fazendo cara de troça. E saindo do estábulo

Continuo trabalhando na ordenha até que minha mãe me chama para almoçar, me questionando o que Theodore queria dizer quanto a Aaron, não precisei me questionar por muito tempo pois quando cheguei à cozinha para comer me deparo com meus dois irmãos rindo juntos, uma imagem que eu não via faz muito tempo, e meu pai sentado frente a eles com o maior ar de saturação que eu já tinha visto.

-FRANKLIN! - Ele me grita em tom autoritário, estava tão pouco acostumado a ser gritado assim que meu instinto é por-me em sentido e marchar até à mesa. - Eu não vou ouvir mais discussões, mais argumentos, mais risadas - ele diz olhando fulminante para meus irmãos que se calam num instante. - Você vai acompanhar seu irmão lá no rancho à tarde, entendeu?

Vendo meu pai tão enfadado não tem como argumentar de volta, me limito a assentir com a cabeça e olhar confuso para meus dois irmãos que contêm o riso.





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Cain Archer

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MensagemAssunto: Re: Distrito 10   Distrito 10 Icon_minitimeSáb Jun 03, 2017 7:23 pm


CAIN ARCHER

Ouço tocarem o badalo na entrada principal. 1, 2, 3, 4, 5 segundos e nada. Começo a bater com o pé, quando o idiota qualquer que possa estar do outro lado volta a bater e mesmo assim ninguém nesta casa se digna a abrir o raio do portão. O ar que inspiro a mais acaba me saindo por entre os dentes no momento em que me vejo obrigado a abrir a porta do anexo do rancho onde fatio a carne. Daqui não dava para ver quem estava na entrada, mas não era essa a minha intenção de todo.

- SAMUEL! - Exclamo, alto o suficiente para ele conseguir escutar. É uma questão de segundos até começar a ouvir os passos apressados do garoto, provavelmente espalhando a merda das botas pela casa toda para variar.

Assegurado de que ele tratará do assunto, volto a fechar a porta e a continuar meu trabalho. Não estou nem um pouco interessado em saber quem possa ter tido a infeliz ideia de passar aqui, e muito menos interessado em o receber.

Consigo ouvir alguns gritos e alaridos, seguidos dos passos de quem só pode ser Anthony para juntar-se à festa da barulheira. Só se Wendy e os tios vieram mais cedo para aqueles dois estarem tão entusiasmados, se bem que eles sabem perfeitamente que os novos terrrenos para as abelhas ainda não estão terminados e Azaiah nos avisaria. Não, não podiam ser eles…

Mas que falta de paciência para esta merda. Abro a porta com um pontapé forte e retiro as luvas à pressa, só fazendo minhas mãos se sujarem com o sangue nas mesmas, antes de atirá-las para o chão perto da porta. Limpo minhas mãos ao avental já mais vermelho que branco em passos largos e pesados, contorno o terreno principal da casa e atravesso um dos pastos para finalmente chegar na merda do portão - a tempo de encontrar o idiota do amigo do Dante e alguém que acho ser seu parente, sei lá, que decidiram vir cá fazer sabe-se lá o quê.

Faço sinal para Anthony e Samuel se afastarem e encosto-me ao portão sem ainda abri-lo, encarando ambos os rapazes.

- Estamos a meio do serviço. Que querem? Carne ou quê? - Cuspo as palavras, rispidamente - Ou não tão aqui para isso? É que caso não tenhas reparado ainda, Dante está a meio da turnê. - Continuo, agora mais para Frank, com ironia.





Última edição por Cain Archer em Seg Jun 19, 2017 9:17 pm, editado 1 vez(es)
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