Distrito 04

Assunto: Distrito 04 Ter Mar 14, 2017 1:10 pm

Relembrando a primeira mensagem :

DISTRITO 4

"O Distrito 4 é um dos distritos mais ricos de Panem. Sua indústria é a pesca, que é útil para os tributos nos Jogos Vorazes: eles têm experiência na utilização de redes e tridentes, formando anzóis a partir do zero, são bons nadadores, e sabem identificar a vida marinha comestível. "

Antecipando os dias da Colheita, o ambiente no Distrito 4 estava longe de ser tenso. Os mais fracos sempre se sentiram seguros por saberem que sempre terão os Carreiristas como voluntários, porém o voluntariado aqui não era tão comum quanto nos outros distritos carreiristas.

ATENÇÃO: Utilize este tópico para interagir dentro do seu Distrito (sozinho ou com o seu companheiro de Distrito). Pode falar de tudo, desde do que está fazendo até ao que está sentindo. Aproveite para desenvolver a história do seu personagem. A postagem não é obrigatória, mas apenas a faça se tiver a certeza que não mudará o distrito e ocupação do seu personagem depois. E lembre-se: O seu personagem ainda não foi escolhido na Colheita.

Assunto: Re: Distrito 04 Sáb Out 14, 2017 5:36 pm

SIDON ♆ LOREDAN

Dou meia volta para encarar o treinador de frente. Nossa luta ainda não havia sido agendada, pelo que não entendo sua ordem. Arodon costuma ser um homem muito certo no que toca a horários e calendários. Já me surpreendera o suficiente ele ter cedido ao pedido de Zora, mas isto já era demais. Só me mostra o quanto o comportamento de Zora mexeu com ele. O homem estava irritado, provavelmente querendo já despachar o assunto da tabela para não se repetirem chatices.

É Airsmith quem quebra o silêncio, tirando-me as palavras da boca no que conta à falta de sentido da situação. Mas pela resposta de Arodon, estava claro que o treinador não o estava disposto a ouvir. Slash volta a pressionar o assunto, o que faz com que Arodon se passe de vez. Ele ameaça expulsar Slash da academia da mesma forma que o fez com Zora, e eu não duvido por um segundo que ele fosse mesmo fazê-lo se Airsmith continuasse com essa atitude. Pelo que quando o rapaz ousa se aproximar do treinador para encará-lo bem nos olhos, só posso pensar que seja essa mesma a sua intenção. Mas porquê?

O que ele diz a seguir deixa-me bem confuso, insinuando que um combate entre nós dois seria inútil porque ele não tem motivo para ser voluntário, tendo em conta o tempo que ficou ausente enquanto eu continuei treinando. Não estou com a cabeça no sítio para um combate de tamanha importância agora, depois do que aconteceu com Zora, mas não deixo de discordar. Se ele não tem mesmo nenhum motivo, porque voltou para aqui em primeiro lugar? Algo nessa história está mal contado.

O treinador apenas ri, insinuando que só lhe estava poupando o trabalho. Ele declara-me a mim e a Bindi os representantes escolhidos para a próxima edição, mas a informação não adere em mim e sinto como se não tivesse valor algum, apesar de ter treinado para ouvir estas palavras todos os dias, horas sem conta. Simplesmente não estava certo.

Na confusão dos vários alunos da nossa faixa etária serem dispensados e os mais novos regressarem aos seus postos de treino, sigo Airsmith e paro-o a meio do caminho, segurando seu ombro para o fazer virar-se para mim.

— O que estás a dizer, Slash? Tens tanto mérito para ser voluntário quanto eu. Contra todas as possibilidades, conseguiste subir até ao segundo lugar em tão pouco tempo. A tua evolução foi estupenda. Diz-me, o que nos diferencia que justificasse isso? - pergunto, sinceramente.

Arodon tem razão num pequeno pormenor. Sempre foi decidido assim e eu concordo que assim se deveria manter, pois é a maneira mais justa. Temo que Airsmith tenha dito aquilo apenas pelo momento que se causou com Zora, e que se venha a arrepender depois. Isto sou só eu imaginando, não sei quais são as reais intenções de Airsmith com isso tudo, mas não faz sentido que ele desista logo agora e tampouco preciso que ele me faça um favor para manter meu lugar no topo. Se Arodon assim o decide, lutarei hoje.

Assunto: Re: Distrito 04 Sáb Out 14, 2017 8:59 pm

Slash Airsmith

▬▬▬▬▬☄️⚓️☄️▬▬▬▬▬

Como se não bastasse todo o show dado por Bindi e o treinador por causa da luta com Zora, agora é Sidon quem me chama para conversar. Suspiro antes de poder pensar em qualquer resposta. Eu precisava sair me encontrar com Quentin, não podia perder mais tempo conversando sobre os Jogos Vorazes, mas seja como for, já percebi que no treino da Academia nós não lutamos da mesma forma que se deve lutar. A sobrevivência fora daqui, depois de toda experiência que tive na Jaula, lutar com os métodos da academia não faria com que eu pudesse dar 100% de mim. Isso já ficou claro na luta de Zora e Bindi, onde obviamente mostrou que Bindi não durará um dia inteiro dentro daquela arena agindo como se fosse uma criança de oito anos que come salmão todos os dias.

- Sinto muito. Foi necessário. – respondo. Mas não era o suficiente, já que Sidon ainda estava a me encarar, esperando algo mais. - Obrigado pelas palavras, Sidon. Eu treino para proteger aqueles que eu amo, tenho dado duro nisso, nunca mais quero passar por essa situação de novo, entende? Acordar e ver que todos passaram muito mal pela minha ausência.

Ele concorda com a cabeça e então sorrio para ele de canto da boca, como fazia quando lutávamos.

- Além do que, faz tempo desde a nossa última luta. Seria um prazer lutar contigo de novo, Loredan. Mas acredite, na situação atual, eu só iria aos Jogos Vorazes se fosse um ultimato. - faço uma breve pausa. Queria poder alertá-lo, de alguma forma. - Só... Bem... Não trate ninguém lá dentro sendo cortês. As pessoas podem ser bem cruéis.

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Assunto: Re: Distrito 04 Sáb Out 14, 2017 9:32 pm

SIDON ♆ LOREDAN

Estava decidido a convencer Slash a termos a nossa luta e resolver as coisas da maneira certa, mas o rapaz consegue-me fazer ver o seu ponto de vista e decido que não insistirei mais no assunto. É uma pena, mas entendo. Airsmith passou por uma experiência na sua vida à qual ninguém que não ele próprio poderá alguma vez saber o que realmente lhe custara. Voluntariar-se para os Jogos Vorazes colocaria sua família exatamente na mesma situação de quando o rapaz perdera os sentidos. Na incerteza de que se algum dia o teriam de volta.

— Compreendo. - Assinto com a cabeça, com um sorriso no canto do lábio - Que consigas cumprir teus objetivos, Airsmith.

Ofereço-lhe um aperto de mão, cordialmente.
— E não te preocupes. Só sou assim com quem não tenho que disputar a minha vida. - brinco, apesar de estranhar ligeiramente suas palavras, - mas obrigado pelo aviso.

Assunto: Re: Distrito 04 Dom Out 15, 2017 10:50 pm

Slash Airsmith

▬▬▬▬▬☄️⚓️☄️▬▬▬▬▬

Aperto as mãos de Sidon e ele me faz rir. No meio desse nervosismo todo, era bom saber que haviam pessoas com um bom humor.

- Ótimo! Boa sorte, Loredan. – devolvo seu aperto de mãos e então olho nos ponteiros na porta da Academia. - Tô atrasado! Melhor eu ir nessa.

Me despeço de Loredan e vejo Cutter de longe, treinando os garotos com menos de dezesseis anos. Faço um sinal com a cabeça e mostro o relógio, e então me retiro da academia.

Precisava fechar os detalhes com Quentin sobre o que faríamos a seguir. Não faltaria muito tempo para que Bardo viesse a perecer.

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Assunto: Re: Distrito 04 Seg Out 16, 2017 1:26 pm

SIDON ♆ LOREDAN

Despeço-me de Airsmith e volto para junto do ringue, onde um grande amontoado de gente ainda se aglomerava. Muitos comentando sobre a expulsão de Zora, outros sobre a desistência de Slash. Uns achando a maior piada do mundo ao caos que se havia instalado, outros visivelmente assustados.

Pelo canto do olho, capto Bindi conversando com suas duas amigas. Edna estava sentada ao lado de Bindi com a mão pousada nas costas da amiga, enquanto Jhita se inclinava sobre ela para disfarçar seu olho negro com um monte de maquilhagem, que fazia Bindi se contorcer de dor cada vez que o pincel tocava na sua pele ainda dorida do combate. A garota nota minha passagem e me oferece um sorrisinho acompanhado com uma piscadela, como se nada tivesse acabado de acontecer. Sigo em frente, disposto a encontrar Fenir e Levi caso o primeiro ainda não tenha saído do edifício.

Acabo por encontrá-los sentados num dos bancos compridos encostados à parede, conversando entre os dois. A primeira coisa que Fenrir pergunta é, tal como esperado, acerca de Slash.

— Ele desistiu mesmo, não vai haver combate. - Limito-me a dizer,
sem entrar em pormenores.

— Quê!? Esse gajo dá-se ao trabalho de me ultrapassar na tabela só para desistir a três semanas da colheita!? Se ele tivesse alguma razão para me odiar, diria que fez de propósito para me tirar do circuito. Ou será que tem? - o rapaz diverge o seu olhar para o tecto, pensando em alguma coisa - Meu deus, o que é que eu lhe fiz!?

— Falando dessa forma, até parece que tu estavas mesmo interessado em ser voluntário, Fenrir. - aponto, apesar de saber que ele estava a brincar. Fenrir nunca nos admitiu diretamente, mas todos sabemos que ele só está aqui por obrigação dos pais. E nos últimos meses, seu desempenho tem vindo a diminuir e muito.

— Nah, só queria alimentar mais o drama que tresanda aqui hoje. - ele encolhe os ombros.

— E Zora? Não foste atrás dela? - Pergunto, virando-me para assuntos mais importantes.

— Olha, eu até queria... mas ela me dá medo quando está assim.

— Acho que ela deve querer estar sozinha. - É Leviathan quem continua - Nem olhou para nós quando foi expulsa.

Não discordo de Levi, mas é esse mesmo um dos maiores problemas de Zora. Ela quer resolver tudo sozinha, e sim, talvez esta seja uma das coisas que cabe apenas a ela, mas ser expulsa era a última coisa que ela precisava ouvir no estado em que já estava. Se estivéssemos falando de uma pessoa normal, eu até conseguiria acreditar que ela iria ultrapassar isto e com a expulsão da academia, todos seus outros problemas também se dissipariam, estando eles em primeiro lugar conectados a este lugar e a tudo o que envolve os Jogos Vorazes. Mas não estamos. Estamos a falar de Zora Greyport, e se há alguma certeza que esta situação me traz, é que agora é que ela não desistirá mesmo. Apenas terá mais algumas pessoas na lista a quem provar errado que somente o seu pai.

Assunto: Re: Distrito 04 Ter Out 17, 2017 9:18 pm

Quentin Pullover

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Slash fecha a porta e sai de casa para seguir rumo a sua vidinha de playboyzinho magoado. Mesmo que nosso plano desse certo, não conseguia ver muitas chances de seguirmos vivos, a menos que é claro, um de nós tome o lugar que era de Bardo, e sem dúvidas, Airsmith deixaria esse peso comigo, já que ele já conseguiu tudo o que queria dentro do clube de luta.

Pego um pedaço de pão amanhecido e jogo goela abaixo. Vejo Salmos me olhando com cara de cachorro sem dono, como se eu também não fosse o suficiente pra esse vira-lata.

— Tá olhando o quê, pittbull de várzea?! - pergunto a ele, e então ele mexe o rabo. — Mas tu é muito escroto mesmo. Pegue.

Jogo o pão para ele e me levanto. Para minha sorte, eu tinha guardado todo o dinheiro que recebi de Bardo durante os anos, então eu conseguiria me virar por um bom tempo, mas para onde eu iria? Não tenho nem mesmo onde cair morto.

O cachorro me olha novamente e faz algum barulho com a boca, como se quisesse me consolar.

— Sim, eu sei, Salmos. Pela primeira vez na minha vida eu tenho que fazer algo direito, mesmo odiando isso. - respondo e dou dois tapinhas em sua cabeça. — Bom garoto, agora vá cumprir sua missão que é matar os insetos estranhos que habitam essa casa.

Assunto: Re: Distrito 04 Ter Out 17, 2017 10:03 pm

ZORA ₲REYPORT
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Ouço a porta bater com toda a força que lhe apliquei atrás de mim, e obrigo-me a andar uns bons metros antes de ceder à tentação de olhar para trás. Nada.

Sigo em frente, com os meus ouvidos pulsando, como se ainda escutasse a voz de Arodon vezes e vezes sem conta, aos gritos, repetindo aquelas palavras. Tanto que passado um bocado, me obrigo a levar as mãos às orelhas, nas esperanças de o fazer parar. Era escusado. Minhas pernas continuavam se movendo, em movimentos automáticos nos quais eu não me consigo concentrar. Só quando avisto o cais principal ao fundo é que me apercebo. Não, não posso ir para casa. Não agora. Ele saberá.

Antes de chegar na praça que dá acesso ao cais, viro na primeira ruela à esquerda e de cabeça baixa,
sem olhar para ninguém nem para nada, avanço no mesmo movimento repetido de pernas ao qual a minha cabeça não acompanha. Agora sabendo qual o meu destino, mas com a minha mente demasiado feita num oito para me permitir prestar atenção ao que me rodeia. Apenas fiando-me na minha memória muscular para me guiar.

Passa quase uma hora até começar a avistar os primeiros rochedos. Uma hora da qual pouco me lembro para além do facto de parecer ter demorado uma eternidade a passar, a qual fui obrigada a passar apenas eu com este vazio que agora insistia a se albergar dentro de mim. Suponho que não terei outra hipótese que não acostumar-me a ele, já que não sei por quanto tempo ele vai ficar. Se iria desaparecer no momento em que eu me voluntariasse? Não sei. Tanto quanto sei, ele até pode vir a me consumir por completo no momento em que os meus pais descobrirem que fui expulsa da academia.

Pensar nisso recorda-me da minha enorme insistência para que meu pai me deixasse entrar na academia carreirista, ainda na altura em que ele próprio era treinador. Solto um suspiro seco, lembrando-me de mim ainda criança quase me perdendo no caminho até à Praça Principal para ir falar diretamente com o prefeito sobre a minha situação. Meu pai quase me matou nesse dia, mas o que interessou foi que no final o prefeito conseguira convencer ele a me deixar entrar, por algum milagre que ainda me passa ao lado. Tudo isso para agora, quase uma década depois, ser expulsa a três semanas da Colheita.

Atravesso as passagens estreitas entre os rochedos até chegar à clareira. Apesar do enorme calor que se instalava no nosso Distrito durante o verão, o facto da clareira estar rodeada por grutas e a presença da brisa vinda do mar tornavam o local bastante agradável, mesmo em finais de junho. Deixo meus sapatos em cima de uma das rochas baixas e em passos lentos, caminho até ao centro da clareira.

Enterro meus pés na areia quente, fixando o mar em toda a sua profundidade. Vim para aqui para continuar o meu treinamento, pois não me posso dignar a perder um dia - muito menos agora - mas pela primeira vez em muito tempo, não me sinto motivada a mexer um músculo. E como tal, sento-me. Talvez pareça uma coisa banal, mas não me lembro da última vez que me permiti fazer isto. Saltar um treino. E não penso nisto com orgulho, pois sei que me vou arrepender mais tarde - mas desta vez não consigo. Não consigo contrariar o cansaço e o esgotamento que os últimos dias me têm fornecido, muito menos depois do que aconteceu. E assim, permaneço-me sentada no local por bastante tempo, apenas encarando o mar e agarrando a areia com as minhas mãos, fazendo-a cair por entre os dedos repetidamente. Passam horas. Minha mente continua uma nuvem negra, impedindo-me de pensar ou me concentrar no que quer que fosse, como se tudo o que me incomoda tivesse se concentrado no mesmo lugar e não permitindo entrada para mais absolutamente nada. Até que permito a primeira lágrima escorrer do meu olho.

Não sei porque a estava contendo, mas é que não me lembro da última vez que me permiti chorar. Fui criada numa família que sempre me obrigou a encarar meus problemas de frente sem mostrar medo ou qualquer tipo de fraqueza, numa casa em caso em ousasse chorar pelo que quer que fosse, meu pai repetiria a mesma coisa que me fez chorar vezes sem conta, até não fazer mais efeito em mim. Apesar de soar cruel, agora não o condeno por isso. Foram ensinamentos que, por mais que me custe admitir isto do meu pai, me ajudaram em várias circunstâncias da minha vida, que me moldaram no que sou hoje. Mas hoje, neste momento, eu preciso de uma pausa de mim própria. Por isso me permito chorar. Um choro silencioso, mas o suficiente para molhar a minha cara e parte da minha roupa ao ponto de me obrigar a ir dar um mergulho quando termino para disfarçar. Para disfarçar de mim própria, corrijo, porque sei que a esta hora dificilmente alguém aparecerá aqui.

Volto a colocar a minha roupa e desloco-me para a pequena zona da clareira que os rochedos permitiam passar o sol, de forma a secar-me mais depressa. Já estava perto da hora do sol se pôr, pelo que acaba não sendo muito efetivo. Mais uma vez, fico encarando o nada, a esta altura apenas esperando a hora de jantar para ter coragem de aparecer em casa. Por momentos, tinha-me esquecido que já ouvir deles de qualquer forma, por ter desaparecido no dia anterior e ter passado a noite na casa de Sidon. Mas comparado ao que acabou de acontecer hoje, esse problema era tão menor que nem consigo me chatear por isso.

O sol começa a ser tapado pelos rochedos altos, que seguindo o horário de verão, significava que estava na hora do fim do treino na academia. Dirijo-me até ao rochedo onde coloquei meus sapatos pousados e sento-me lá, apoiando minhas costas na outra rocha mais alta imediatamente a seguir, de forma a conseguir encarar o céu e a forma como este gradualmente escurecia, dando mais visibilidade às estrelas. Obrigo-me a ficar mais umas horas ali, pois era costume eu continuar treinando fora de horas numa situação normal, até que de repente ouço um barulho vindo do outro lado dos rochedos, como algo embatendo em algo. E sei exatamente do que se trata.

Calço rapidamente meus sapatos e dirijo-me para a periferia da clareira, entrando a dentro de uma das primeiras grutas. Guio-me pela parede fria e húmida de forma a conseguir avançar um bocado na mesma, o suficiente para saber que não seria vista, antes de dar meia volta para encarar a paisagem lá fora. Noto a silhueta de Sidon, aquela que seria capaz de destingir em qualquer situação, sendo destacada pelos fracos feixes de luz que refletiam desde o oceano e o contornavam. O rapaz dá a volta ao local, antes de parar e ficar de olhar fixado em algo que não consigo notar desde aqui, nem a coisa em si nem a orientação dos seus olhos. Sidon estava claramente procurando por mim, ele sabia que este era o único local para onde eu viria. Mas eu... custa-me, custa-me imenso estar a fazer isto, mas não posso permitir que ele me veja neste estado. Pelo que permaneço ali, imóvel, até ter a certeza que ele abandonou o local.

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Assunto: Re: Distrito 04 Ter Out 24, 2017 4:54 pm

Slash Airsmith

▬▬▬▬▬☄️⚓️☄️▬▬▬▬▬

- Obrigado, mãe! – digo em voz alta, pegando minha mochila e o lanche de atum que ela tinha feito.

Saio de casa e no meio do caminho até a casa de Quentin, percebo que o local onde ele morava era relativamente perto das docas onde Leviathan havia me falado para treinar. Com o clima pesado da academia, e após notar que recusei me lutar contra Sidon, o professor Arodon não tem se dado nem o trabalho de me olhar nos olhos. Até mesmo Cutter parecia decepcionado, já que seu sonho era poder competir no tão grandioso Jogos Vorazes.

Mas para a tristeza de todos eles, eu havia me metido em um buraco ainda maior, e mesmo com a capacidade de vencer Sidon, eu sabia que não poderia usar meu melhor porque eu já não lutava mais tão "limpo" quanto cobram. Até mesmo Cutter já tinha notado isso. Logo meu primo, que sempre guardou dentro de si tanta honra e orgulho, me vê desfazendo-me em pedaços impuros a troco de poder. Balanço a cabeça. Era poder que eu queria, mas a causa era nobre, não era?

Quando me dou conta já estou entrando na caverna. De qualquer jeito Quentin sabia do plano que tínhamos traçado, e mesmo faltando tão pouco para que a Colheita fosse dada, eu sabia que na noite anterior aconteceria meu próprio Jogos Vorazes. Eu e Quentin arriscaríamos não só nossas vidas, mas também a vida das pessoas que nos cercam, e mesmo sendo solitário, eu sabia que Quentin gostava de pelo menos dois seres vivos mais do que a si mesmo. Salmos, seu cachorro, e Margaery. Tá aí, eu não sabia nem mesmo dizer o que Margaery era minha, ou o que eu gostaria que fosse.

Me deslumbro com o local logo após passar pelo rochedo curto. Nunca havia visto coisa mais linda e calma, nem mesmo o a Boca da Serpente mantinha-se tão sereno. Jogo minha mochila de canto e cruzo as pernas no meio da areia fofa. O som transmitia paz, tal paz que não existia em minha vida. Era calmo e me fazia desejar somente uma coisa nesse momento, então o faço. Começo a meditar, deixando todo espaço tempo fluir através de mim, sentindo-me como se eu e o Distrito 4 fossemos um só. Era a primeira vez que me sentia tão conectado com nosso próprio solo.

Isso aconteceu até que eu ouvisse alguns passos leves vindo da entrada do rochedo, o que me faz abrir os olhos, mas ainda assim, não sair do chão.

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Assunto: Re: Distrito 04 Ter Out 24, 2017 11:22 pm

ZORA ₲REYPORT
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Poucos dias passaram desde minha expulsão da Academia. Meus pais não faziam a mínima ideia, todos os dias eu continuava acordando às seis da manhã e saia de casa logo após o café da manhã com a minha vestimenta de treino posta. Como se tivesse tudo igual. Eu sentia-me praticamente vivendo dentro da minha própria mentira, da minha ilusão, muitas vezes a meio do caminho apercebendo-me que estava indo em direção à Academia e não à Clareira.

Ainda doía. E muito. Como se do meu inimigo se tratasse, meu cérebro obrigava-me a rever a cena vezes e vezes na minha cabeça. Questionando-me como me pude permitir chegar àquele estado. Ou como permiti que me saturassem ao ponto do mesmo. Parecia mentira, e ainda me sentia tão fora de mim como naquele momento - mas de outra forma, agora, eu sentia-me... inexistente. Tanto que ainda não tive coragem de enfrentar ninguém desde o sucedido. Estava completamente alheia a tudo e todos, limitada a nada mais que o meu propósito: continuar a treinar.

Já passavam poucos minutos das sete quando finalmente avisto os rochedos que circundavam a Clareira. Era estranho e obrigava-me a abordagens diferentes, mas começo a ganhar o gosto por treinar sozinha. Sem interrupções, sem alaridos, sem drama. Em passos largos com a ânsia de iniciar o treino, esquivo as paredes frias pelo caminho estreito dentro dos rochedos para entrar na Clareira, apenas para me ver travar repentinamente logo à entrada. Num espaço tão amplo e vazio, era impossível não detetar logo a figura sentada no centro desta.

Treino neste lugar há mais de cinco anos e é a primeira vez que vejo alguém aqui para além dos meus amigos, a quem eu própria lhes mostrei o caminho. Pisco os olhos várias vezes e aproximo-me alguns passos lentamente, forçando a vista para enxergar pelo meio dos raios de sol. Não pode ser.

— ...Slash Airsmith...?

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Assunto: Re: Distrito 04 Ter Out 24, 2017 11:51 pm

Slash Airsmith

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- Greyport?! – pergunto, surpreso. A filha do meu antigo treinador também vinha para esses lados? Mantenho minha postura calma e abro os olhos, ainda de pernas cruzadas no chão. - Bonito lugar, é ótimo para meditar e... treinar.

Agora fazia sentido. Zora não tinha mais para onde ir além da academia, e como era amiga de Levi, vinha para cá, junto com ele. Ao invés de me passar um lugar secreto, ele apenas empurrou-me para o refúgio de Zora. Cutter me disse que se havia alguém que era tão aplicado quanto eu nos treinos esse alguém era Zora. E como a ex-2º lugar da tabela de carreiristas não conseguiria ficar parada, tem vindo para cá, até mesmo com o uniforme.

- Conseguiu voltar para a academia? - pergunto, notando a roupa de treino.

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